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21 julho, 2017
Esperança e fé
Faith in future, hope in present
John C. Maxwell
Fé no futuro, esperança no presente
John C. Maxwell
(tradução livre)
20 julho, 2017
Somos
"Não somos apenas o que pensamos ser. Somos mais; somos também o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos; somos as palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos, "sem querer".
Sigmund Freud
19 julho, 2017
Algún día te encontrarás
Algún día en cualquier parte, en cualquier lugar
indefectiblemente te encontrarás a ti mismo, y esa,
sólo ésa, puede ser la más feliz o la más amarga de tus horas.
Pablo Neruda
18 julho, 2017
A liberdade de pensar
Fotografia: ©Jonatasphotography
Reproduzida com autorização do autor
A liberdade de pensar nem sempre encontra respaldo na liberdade de comunicar."Livre pensar é só pensar", diz Miller, com razão.
Já comunicar pode sofrer restrições contra as quais a luta deve ser permanente, dependendo o seu sucesso de uma eterna vigilância.
Al Stevens
No espírito de O Principezinho
15 julho, 2017
Canção de Hans, o marinheiro
Se tu soubesses
que em todos os portos do mundo
há uma mão desconhecida
a acenar - adeus, adeus - quando se parte prò mar;
se tu soubesses
que o mar não tem fronteiras nem distâncias
é sempre o mar;
se tu soubesses
a noite nas águas
onde os barcos são berços
e os marinheiros meninos a sonhar;
se tu soubesses
o desamor à vida quando o vento grita temporais
e a morte vem abraçar os homens na espuma das vagas;
se tu soubesses
que em todos os portos do mundo
há um sorriso para quem chega chega do mar;
se tu soubesses vinhas comigo prò mar
embora as nuvens do céu
e os ventos que vêm do Este e do Oeste, do Sul e do Norte
digam ao mundo que vai haver o temporal maior que todos!
Manuel da Fonseca
12 julho, 2017
06 julho, 2017
É morno o pôr-do-sol
Vosso sonho fechou as janelas, florido,
Deixa a minha alma dar às noites seus gemidos (?)
É morno o pôr-do-sol no cerne dos queixumes,
Qual jato de água curvo ao vento, é todo ocioso,
Em mim, o entardecer, fingido e vagaroso,
Brota, descendo sobre os reflexos negrumes.
Aos poucos, tua voz ocupa as sonolências,
Ignotos lapsos entre os átomos da hora,
E sem sabermos de onde alguém, baixinho, chora,
Os ramos em torpor ruminam só demências.
Qual caixa de marfim se fecha todo ser,
Qual folha morta cai enfim todo momento,
Logo não terei mais regato onde beber
O vinho que me faz voar em pensamento.
E, bruscamente, o sopro amornecido deixa
Mossas de sonho sobre as esperas do instante.
Nós choraremos dentro em breve. E as minhas queixas,
Quais som que morre no ar, estão agonizantes.
Como sempre, tardou, irmã, tardou demais.
Pois o vento me ergueu o trigo entre as quimeras
Senti meu coração pulsante e lasso de ais.
Minguou a arte da queixa, à minha breve espera.
Sem calçados, pisais, com rara lucidez,
No porto. Sorri: é o epíteto que, exato,
Deus vos encontrará ao corpo em acidez,
No paço consagrado ao nosso desbarato.
Lembro-me. Junto ao rio escuro e negro, à margem.
Com os cisnes buscando olhares doutras gentes.
Nós agíamos como apóstolos plangentes
Que perderam a fé nas vesperais miragens.
Estáveis totalmente à sombra. E aquele lasso
Órgão chorava atrás do quadro interrompido.
Nós, à sombra em que Deus ficou emudecido,
Face a face, e o rumor da fuga de alguns passos
Rumo à morte, e na sombra, a perder-se no espaço.
Deixa a minha alma dar às noites seus gemidos (?)
É morno o pôr-do-sol no cerne dos queixumes,
Qual jato de água curvo ao vento, é todo ocioso,
Em mim, o entardecer, fingido e vagaroso,
Brota, descendo sobre os reflexos negrumes.
Aos poucos, tua voz ocupa as sonolências,
Ignotos lapsos entre os átomos da hora,
E sem sabermos de onde alguém, baixinho, chora,
Os ramos em torpor ruminam só demências.
Qual caixa de marfim se fecha todo ser,
Qual folha morta cai enfim todo momento,
Logo não terei mais regato onde beber
O vinho que me faz voar em pensamento.
E, bruscamente, o sopro amornecido deixa
Mossas de sonho sobre as esperas do instante.
Nós choraremos dentro em breve. E as minhas queixas,
Quais som que morre no ar, estão agonizantes.
Como sempre, tardou, irmã, tardou demais.
Pois o vento me ergueu o trigo entre as quimeras
Senti meu coração pulsante e lasso de ais.
Minguou a arte da queixa, à minha breve espera.
Sem calçados, pisais, com rara lucidez,
No porto. Sorri: é o epíteto que, exato,
Deus vos encontrará ao corpo em acidez,
No paço consagrado ao nosso desbarato.
Lembro-me. Junto ao rio escuro e negro, à margem.
Com os cisnes buscando olhares doutras gentes.
Nós agíamos como apóstolos plangentes
Que perderam a fé nas vesperais miragens.
Estáveis totalmente à sombra. E aquele lasso
Órgão chorava atrás do quadro interrompido.
Nós, à sombra em que Deus ficou emudecido,
Face a face, e o rumor da fuga de alguns passos
Rumo à morte, e na sombra, a perder-se no espaço.
Fernando Pessoa
Tradução de Renata Cordeiro
Tradução de Renata Cordeiro
Nota da tradutora: Fernando Pessoa escreveu este poema em francês poucos dias antes de morrer.
02 julho, 2017
No Entardecer dos Dias de Verão
No entardecer dos dias de Verão, às
vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento,
uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão ...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos ...
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir ...
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão ...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos ...
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir ...
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI"
Heterónimo de Fernando Pessoa
01 julho, 2017
Não são só os livros que se lêem
"Falamos em ler e pensamos apenas nos livros, nos textos escritos. O senso comum diz que lemos apenas palavras. Mas a ideia de leitura aplica-se a um vasto universo. Nós lemos emoções nos rostos, lemos os sinais climáticos nas nuvens, lemos o chão, lemos o Mundo, lemos a Vida. Tudo pode ser página. Depende apenas da intenção de descoberta do nosso olhar. Queixamo-nos de que as pessoas não lêem livros. Mas o deficit de leitura é muito mais geral. Não sabemos ler o mundo, não lemos os outros.
Vale a pena ler livros ou ler a Vida quando o acto de ler nos converte num sujeito de uma narrativa, isto é, quando nos tornamos personagens. Mais do que saber ler, será que sabemos, ainda hoje, contar histórias? Ou sabemos simplesmente escutar histórias onde nos parece reinar apenas silêncio?"
Mia Couto
in "E se Obama fosse africano?"
Fonte
Mia Couto
in "E se Obama fosse africano?"
Fonte
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