O que ouviu os meus versos disse-me: Que tem isso de novo?
Todos sabem que uma flor é uma flor e uma árvore é uma
árvore.
Mas eu respondi, nem todos, ninguém.
Porque todos amam as flores por serem belas, e eu sou
diferente.
E todos amam as árvores por serem verdes e darem sombra, mas
eu não.
Eu amo as flores por serem flores, directamente.
Eu amo as árvores por serem árvores, sem o meu pensamento.
29-5-1918
“Poemas Inconjuntos”. Poemas Completos de Alberto Caeiro.
Fernando Pessoa. (Recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha.) Lisboa:
Presença, 1994. - 144.
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