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29 novembro, 2018

Li hoje quase duas páginas


Fotografia: ©Jonatasphotography 
Reproduzida com autorização do autor


Li hoje quase duas páginas
Do livro dum poeta místico,
E ri como quem tem chorado muito.

Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.

Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.

Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.

É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.
Falar da alma das pedras, das flores, dos rios,
É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos.
Graças a Deus que as pedras são só pedras,
E que os rios não são senão rios,
E que as flores são apenas flores.

Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente,
Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não a compreendo por dentro
Porque a Natureza não tem dentro;
Senão não era a Natureza.

“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa

24 novembro, 2018

Ahora




Ahora que el tiempo ha pasado
Y he dejado de lado la competición
Que veo mas claro
Que escucho mejor

Doy gracias por haber llegado hasta aquí
Ahora que han pasado los años
Intensamente vividos, exprimidos
Sigo en forma, no estoy cansado



18 novembro, 2018

Poema de Outono (Pablo Neruda)


Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser… sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.
Pablo Neruda

16 novembro, 2018

Trevo (Tu)



Tu é trevo de quatro folhas
É manhã de Domingo à toa
Conversa rara e boa
Pedaço de sonho que faz meu querer acordar
Pra vida
Ai ai ai
Tu, que tem esse abraço casa
Se decidir bater asa
Me leva contigo pra passear
Eu juro afeto e paz não vão te faltar
Ai ai ai
Ah, eu só quero o leve da vida pra te levar
E o tempo para, ah
É a sorte de levar a hora pra passear
Pra cá e pra lá, pra lá e pra cá
Quando aqui tu 'tá
Tu é trevo de quatro folhas
É manhã de Domingo à toa
Conversa rara e boa
Pedaço de sonho que faz meu querer acordar
Pra vida
Ai ai ai
Tu, que tem esse abraço casa
Se decidir bater asa
Me leva contigo pra passear
Eu juro afeto e paz não vão te faltar
Ai ai ai
Ah, eu só quero o leve da vida pra te levar
E o tempo para, ah
É a sorte de levar a hora pra passear
Pra cá e pra lá, pra lá e pra cá
Quando aqui tu 'tá
Tu
Tu
Tu
Tu
Ah, eu só quero o leve da vida pra te levar
E o tempo para, ah
É a sorte de levar a hora pra passear
Pra cá e pra lá, pra lá e pra cá
Quando aqui tu 'tá
É trevo de quatro folhas
É trevo de quatro folhas, é 
É trevo de quatro folhas
É trevo de quatro folhas, é
Compositores: Ana Caetano / Thiago Iorczeski
Letras de Trevo (Tu) © Universal Music Publishing Group, Sony/ATV Music Publishing LLC

15 novembro, 2018

Pinhal Real



Refrão: Oh you can´t hear me cry, see my dreams all die, From where you standing, on your own. It´s so quiet here, and I feel so cold, This house no longer, feels like home. Histórico Pinhal. semeado no Litoral, Por D. Afonso III, Monarca de Portugal, De uma fauna, flora, natureza sem igual, Com D. Dinis alcançaste a tua extensão actual. Coelhos, lebres, lontras, ouriços e raposas, Texugos, corvos, gralhas, melros e felosas, Pinheiro bravo, manso, urze e rosmaninho, Por aceiros e arrifes, percorremos o teu caminho. Protegeste o Castelo e a Cidade, das areias, Como se fosses uma muralha, com as tuas ameias, Emanaste poesia, ergueste estátuas a poetas, Da madeira do teu pinheiro, construíste caravelas. Para uma Marinha, que se tornou muito Grande, Preservada com o teu Pez, ela navegou distante, Foste construção naval, vidreira e metalurgia, Refrão Em parques de merendas, miradouros e fontes de água, Escrevo para ti para libertar a minha mágoa, Incrédulo, oito séculos depois, Em menos de um dia queimaram os teus talhões. Animais perderam casa, e os teus amigos o teu encanto, Fui ter com a minha filha á escola pois estava em enorme pranto, Não me esqueço deste dia de tantas almas vazias, Do fumo denso e fagulhas que caíram enquanto ardias. Um dia vais renascer, tu não vais ficar assim, Levo sementes para regar e a Humanidade atrás de mim, Faço a continência para todos os teus bombeiros, E para todos os civis que prestaram ainda mais meios. Para que tu possas manter a porção que ainda te resta, Eu farei o que puder para que te safes desta, Sozinho não consigo, mas há sempre alguém que ouça, Tu vais voltar a crescer, muito mais verde e com mais força! Refrão


Xpressivo Lírico ''Pinhal Real'' 16.10.2017

09 novembro, 2018

Fado (do povo) alado - Ana Moura *Desfado #10* / Pedro Abrunhosa




Vou de Lisboa a S. Bento, Trago o teu mundo por dentro No lenço que tu me deste. Vou do Algarve ao Nordeste, Trago o teu beijo bordado, Sou um Comboio de Fado Levo um Amor encantado, Sou um Comboio de gente. Sou o chão do Alentejo, De ferro é o meu beijo, Tão quente como a Liberdade, E se não trago saudade É porque vives deitado Num Amor que não está parado, Sou um Comboio de Fado, Sou um Comboio de gente. Não há Amor com mais tamanho, Que este Amor por ti eu tenho, Voo de pássaro redondo,
Que não aporta no beiral. Não há Amor que mais me leve, Que aquele em que se escreve, Ai... Lume brando, Paz e fogo, E a Luz final. Desço do Porto ao Rossio, Levo o abraço do rio, Douro amante do Tejo, Nos ecos dum realejo, Chora minha guitarra, Trazes-me a Paz da cigarra, Num desencontro encontrado, Sou um Comboio de Fado.

Se for morrer a Coimbra, Traz-me da Luz a penumbra, Do Amor que nunca se fez, Corre-me o sangue de Inês, Mostra-me um sonho acordado, Somos um Povo alado, Um Povo que vive no Fado A Alma de ser diferente. Não há Amor com mais tamanho, Que este Amor por ti eu tenho, Voo de pássaro redondo, Que não aporta no beiral. Não há Amor que mais me leve, Que aquele em que se escreve, Ai... Lume brando, Paz e fogo, E a Luz final.
Autor: Pedro Abrunhosa @ "Desfado"

03 novembro, 2018

Silêncio E Tanta Gente - Maria Guinot



Às vezes é no meio do silêncio Que descubro o amor em teu olhar É uma pedra É um grito Que nasce em qualquer lugar Às vezes é no meio de tanta gente Que descubro afinal aquilo que sou Sou um grito Ou sou uma pedra De um altar aonde não estou Às vezes sou o tempo que tarda em passar E aquilo em que ninguém quer acreditar Às vezes sou também Um sim alegre Ou um triste não E troco a minha vida por um dia de ilusão E troco a minha vida por um dia de ilusão Às vezes é no meio do silêncio Que descubro as palavras por dizer É uma pedra Ou é um grito De um amor por acontecer Às vezes é no meio de tanta gente Que descubro afinal p'ra onde vou E esta pedra E este grito São a história d'aquilo que sou Às vezes sou o tempo que tarda em passar E aquilo em que ninguém quer acreditar Às vezes sou também Um sim alegre Ou um triste não E troco a minha vida por um dia de ilusão E troco a minha vida por um dia de ilusão Às vezes sou o tempo que tarda em passar E aquilo em que ninguém quer acreditar Às vezes sou também Um sim alegre Ou um triste não E troco a minha vida por um dia de ilusão E troco a minha vida por um dia de ilusão

Música, letra e interpretação de Maria Guinot


Los últimos versos de Leonard Cohen